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Perda urinária em mulheres jovens

O que é Incontinência urinária?

A incontinência urinária foi definida, pela International Continence Society, como "queixa de qualquer perda involuntária de urina". Ela pode ser avaliada como um sintoma, um sinal ou uma condição. Sintoma é o indicador subjetivo de uma doença; sinal é o que pode ser observado pelo médico e a condição é definida pela presença da observação urodinâmica (estudo através de exames) associada com sintomas característicos da incontinência urinária e sinais e/ou pela evidência não urodinâmica de processo patológico relevante. Os tipos mais comuns de incontinência urinária são: incontinência urinária de esforço, que é a perda de urina associada com atividades físicas que aumentam a pressão intra-abdominal, urge-incontinência, perda involuntária de urina associada com um forte desejo de urinar, e incontinência urinária mista, quando ambos os tipos anteriores estão presentes.

Tipos de incontinência urinária em MULHERES JOVENS

O tipo mais comum de incontinência urinária entre as mulheres é a incontinência urinária de esforço, responsável por quase metade dos casos. A incontinência urinária de esforço atinge com mais freqüência mulheres jovens com idade entre 25 e 49 anos. Mulheres na meia-idade, ou seja, próximas à menopausa, são mais atingidas por incontinência urinária mista e mulheres idosas, pela urge-incontinência. A incidência da incontinência é significativamente maior no sexo feminino. Esse fato é devido a razões anatômicas, mudanças hormonais e conseqüências de partos e gestações que podem deslocar e enfraquecer os músculos do períneo. O períneo representa o conjunto das partes moles que fecham a pelve e suportam as vísceras em posição vertical; o músculo elevador do ânus, localizado no períneo, é o principal responsável pela continência urinária na mulher. Outros fatores de risco também são considerados para o desenvolvimento da incontinência. Entre eles estão: idade, obesidade, menopausa, cirurgias ginecológicas, constipação intestinal, doenças crônicas, fatores hereditários, uso de drogas, consumo de cafeína, tabagismo e exercícios físicos.

Incontinência no esforço

As mulheres fisicamente ativas apresentam com mais freqüência a incontinência urinária de esforço. Embora a literatura não seja conclusiva a esse respeito, estudos demonstram que os exercícios que exigem muito esforço físico e demandam alto impacto podem ocasionar aumento excessivo na pressão intra-abdominal. Esse aumento na região abdominal pode sobrecarregar os órgãos pélvicos, empurrando-os para baixo, ocasionando danos aos músculos responsáveis pelo suporte desses órgãos. Nesse sentido, o exercício torna-se um fator de risco para o desenvolvimento da incontinência urinária na mulher, principalmente naquelas que não apresentam históricos de partos e gestações.

O impacto causado pela incontinência na mulher não se limita apenas aos seus aspectos físicos. Ela afeta negativamente a esfera sexual, social, doméstica e ocupacional da vida da mulher. Mulheres com incontinência urinária se sentem envergonhadas, constrangidas para a realização de atividades sociais e esportivas, e menos atraídas para o relacionamento sexual. A incontinência também está associada a sentimentos de solidão e tristeza. Estudos mostram que cerca de 80% de mulheres com sintomas graves de incontinência apresentam sintomas depressivos, acompanhados de diminuição da auto-estima e aumento da ansiedade.

Atividade física e Incontinência Urinária

A atividade física de alto impacto é um fator de risco para o desenvolvimento da incontinência urinária. A atividade física pode "evidenciar" a incontinência urinária, passando esta a ser percebida apenas a partir da realização de atividades físicas que predisponham a perda de urina, mesmo em mulheres que não possuem fatores de risco como a idade e paridade. Estudos mostram que a queixa de incontinência urinária entre mulheres jovens nulíparas que praticam atividades físicas é comum. Estudos relacionam a incontinência urinária em atletas nulíparas com a absorção da força do impacto que algumas atividades provocam. Longos saltos possibilitam o contato dos pés com o solo e podem gerar uma força máxima de reação que aumenta em 16 vezes o peso corporal. Esse impacto, causado por exercícios de impacto, pode afetar o mecanismo de continência pela alteração da quantidade de força transmitida para o assoalho pélvico. A força de transmissão do choque, que ocorre entre os pés e o chão e que é transferido para o assoalho pélvico, pode contribuir para a incontinência entre mulheres jovens nulíparas e praticantes de esportes que demandam alto impacto.